Redacção
Uma cuidada investigação realizada no UK vem concluir que não há evidências médicas na forma como os jovens com disforia estão a ser genericamente tratados.
Devem as instituições, media incluída, ser processadas criminalmente por terem promovido ativamente, ao longo dos últimos anos, ideias pouco fundamentadas sobre questões identitárias que contribuíram para a destruição física e mental de um número indeterminado de jovens que caíram na espiral das hormonas e cirurgias de mudança de sexo?
O debate está lançado depois de mais um escândalo a envolver a indústria de género e que vem revelar as poucas evidências médicas aplicadas no tratamento das pessoas transgénero. Publicado na semana passada, o Cass Review é o bombástico relatório que dá conta da investigação encomendada pelo NHS, o serviço de saúde público britânico, a uma reputada pediatra Hilary Cass, após as denúncias de má prática no Serviço de Identidade e Desenvolvimento de Género (Gids) integrado no Tavistock, o maior hospital de medicina de género da Inglaterra e País de Gales e de toda a Europa. Jovens pacientes e um grupo de dez profissionais do extenso corpo médico do hospital, puseram a descoberto as incisivas pressões existentes no Tavistock para transacionar hormonal e cirurgicamente as crianças com questões de identidade, sem aprofundar outras comorbilidades como estados depressivos acentuados, autismo, traumas sexuais, homofobia interna, etc.
No seu relatório, Hilary Cass sublinhou que as crianças tratadas no GIDS, serviço direcionado só para menores, foram abandonadas à sua sorte devido “às evidências notavelmente fracas” em relação aos tratamentos hormonais e cirurgias a que foram sujeitas às mãos de médicos pouco criteriosos…
Ao longo da última semana, o Cass Report tem gerado inúmeras reações no UK mas em todo o mundo, não só de profissionais de saúde mas figuras públicas que sempre se bateram em defesa das crianças, alertando para os riscos da medicalização excessiva nos tratamentos para pessoas com disforia de género.
Ligações perigosas
Mas uma voz tem ressoado de forma mais poderosa sobre todas as outras – a de JK Rowling. Há muito que a autora de Harry Potter denuncia os perigos da ideologia trans, seja pela intrusão de homens, que alegam ser mulheres trans, nos espaços e áreas reservadas às mulheres (não só casas de banho, mas nos desportos, prisões, centros de abrigo, etc), seja pela inesperada espiral de casos trans em pessoas muito jovens, muitos deles pela via do contágio social, seja pelos dúbios interesses envolvendo organizações LGBT que, com a ajuda de jornalistas transativistas, fizeram escalar esses casos.
A Mermaids, a poderosa organização LGBTQ britânica, parceira da ILGA Europa, tem estado envolvida em várias polémicas, desde a distribuição de binders (espécie de espartilho para espalmar os seios tornando-o mais masculino, com fortes contra-indicações médicas) a menores sem o conhecimento dos pais até à inclusão, na sua direção, de pessoas com dúbias ligações a redes pedófilas.
Todos estas polémicas têm sido denunciadas por JK Rowling, ganhando uma projeção meteórica. E a escritora não se tem esquecido, em todas elas, de apontar o dedo às celebridades que apoiaram publicamente a Mermaids no passado e onde se incluem, por exemplo, o duque e a duquesa de Sussex ou a estrela de Harry Potter, Emma Watson, acusando-as de lhe terem dado uma “influência sem precedentes”.
Quando Jacob Breslow, então membro da direção da Mermaids (a associada da ILGA Europa) surgiu associado a um grupo de apoio a pedófilos, JK Rowling escreveu no Twitter: “Agora aprendemos que a Mermaids nomeou um apologista da pedofilia como administrador e que o seu moderador online incentivou as crianças a migrarem para uma plataforma notória pela exploração sexual”, sublinhando que “esta é uma instituição de caridade que alcançou uma influência sem precedentes no Reino Unido” e que “não poderia ter conseguido tal feito sem o dinheiro e o apoio público de certas empresas e celebridades, que a impulsionou avidamente, embora os sinais de alerta já existissem há anos”. JK Rowling disse ainda que “os dedos da Mermaids estavam por toda a parte no desastre do Tavistock (onde estalou agora a polémica)”, uma vez que os membros associação parceira da ILGA Europa “tiveram permissão para entrar nas salas de aula, treinaram polícias e gozaram de uma influência sem precedentes sobre as políticas de saúde”. Breslow, que era na altura, estudante de pós-graduação em pesquisa de género na London School of Economics, acabaria por se demitir da associação LGBTQ.
Criminalizar quem promoveu
Agora, com a nova polémica do Cass Report e o terrível impacto dos tratamentos hormonais e cirúrgicos junto dos menores do Tavistock, a multimilionária voltou à carga… Quando lhe perguntaram o que tinha a dizer a Daniel Radclife e Emma Watson, os protagonistas da saga Harry Potter que tanto a criticaram, JK Rowling respondeu: “Não os perdoo”, lembrando que foi devido ao entusiástico e pouco escrutinado apoio de muitas celebridades, como eles, à ideologia trans “que as mulheres de todo o mundo perderam direitos”. E acrescentou – “Eles deviam pedir perdão, sim, às traumatizadas pessoas detrans e a todas as mulheres vulneráveis que são agora obrigadas a partilhar os seus espaços privados com homens”, como acontece nas prisões ou balneários durante a prática de modalidades desportivas, por exemplo.
Agora que se comprovou que existe uma bolha artificial de pessoas trans, muitas delas menores e que as mesmas foram sujeitas a intervenções médicas sem evidências científicas, há mesmo quem peça a responsabilização criminal das entidades que diretamente contribuíram para esta situação dramática e irreversível de tantos jovens.
Uma das vozes mais críticas que se juntou a JK Rowling, Helen Joyce, Stella O’Malley, entre muitos outros, tem sido o escritor de livros infantis e argumentista, Grahan Linehan, uma das vítimas da cultura woke (foi afastado da BBC por criticar o ativismo radical trans) e que nos últimos seis anos não parou de denunciar as diversas ações de promoção de género dinamizadas por várias entidades, sublinhou em entrevista à Talk TV, a propósito dos resultados do Cass Report: “É toda uma geração de jovens não conformes, muitos deles homossexuais, que foram esterilizados e danificados para o resto da vida. Eu acho que a Stonewall – outra associação LGBTQ parceira da ILGA Europa -, a Mermaids, a Pink News (especializada em notícias do universo LGBTQ) e mais algumas instituições, deveriam ser investigadas criminalmente por conspiração contra as crianças. É o maior escândalo de que há memória”.
O Gids fechou na semana passada, quatro anos depois de ter sido classificado como “inadequado” pelos inspetores estatais.