Publicado no Observador
Por Inês André Figueiredo
Em entrevista ao DN, ex-governante refere que a família está a ser ameaçada por várias questões e diz que medidas públicas devem sinalizar a importância que o Estado dá ao conceito de família.
António Bagão Félix, um dos autores do livro Identidade e Família, admite a existência de outros tipos de família que não a “natural”, que privilegia, chama-lhes “ajuntamentos familiares, agregados familiares” e assegura que tem “respeito” por quem vive nessa situação. Em entrevista ao Diário de Notícias, o ex-governante nota que existe um “individualismo exagerado” na sociedade e recusa que a família possa ser vista numa “lógica de sociedade de mercado”, criticando o facto de “o Estado ser muito deficitário no apoio à família”.
“A ideia da família não pode ser vista numa lógica de sociedade de mercado, em que nós mercadejamos valores, princípios, permutas, disto e daquilo. Não. Uma coisa é a economia de mercado, onde há regras para isso”, explicou, sublinhando que “o Estado ainda continua a ser muito deficitário no apoio à família” e que “não há medidas em que se faça um estudo do impacto familiar”, ao contrário de temas ambientais, tecnológicos, financeiros ou orçamentais.
Além de entender que a “família natural” (expressão que prefere “em vez de família tradicional”) deve ser constituída por “casal, homem e mulher, com filhos que podem ser naturais ou adotados”, também explicou que “não deixa de considerar outro tipo de ajuntamentos familiares, de agregados familiares, que não tenham este modelo”. “Aqui não se trata de concordar ou discordar. Trata-se de ter respeito por essas situações ou não ter. E eu tenho respeito por elas”, justificou. E o antigo ministro argumentou ainda que, até por uma “razão de natureza quase pragmática”, vive-se uma “grave crise de natalidade” e “a natalidade assenta sempre na ideia da família natural”.
Questionado sobre o que acha da opção das mulheres serem mães solteiras, disse que é uma “perspetiva admirável”, mas entende que as políticas públicas “são sinalizadoras, ou devem ser sinalizadoras, da importância que o Estado, a organização política, dá ao conceito de família“.
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